sexta-feira, 10 de abril de 2009

Ele chorou e eu tb!

Algo que não me é tão raro estava (ou ainda está, creio) acontecendo... a boa e velha crise existencial.

O episódio do acidente que sofri, em seguida minha recuperação, a retomada da minha independência e da minha vida, para depois vir uma sensação de certa estagnação, muitos questionamentos a respeito das pessoas e suas relações e ai, aliada a essas iminências, conheci alguém que me fez forçosamente questionar meus valores e, sobretudo, minhas atitudes.... eis que ela surge, a criiiise!

Mas devo advertir de antemão, ela não é ruim, ao menos para mim não. Desordena, zoa, emaranha, mas faz me sentir viva. Pois apenas em incomuns momentos, requeri pela tentadora ignorância de “deixar a vida me levar”.

Espantoso como o “Universo” sempre me oferece respostas, ou ao menos, conforto nesses momentos.

O conforto de agora? Um livro! Sim, apenas um livro. Mas tão providencial, tão no momento exato, tão tudo a ver com os meus questionamentos, que pela primeira vez terminei de ler um livro com vontade de rele-lo, e exatamente agora!!! Voltar em todas as entrelinhas, voltar com um olhar diferente, voltar com as informações finais do autor sobre o que foi verdade e o que foi romanceado, questionamento que me fiz por diversos momentos....

Foi difícil o ler, pois em geral minha fuga para minhas angústias, é dormir! Imagine um livro denso como esse, após a fadiga do dia de trabalho e o sono como subterfúgio?!? Muitas noites, conseguia ler apenas duas páginas e ainda forçando os olhos, até que parava de lutar com o sono ou ele me vencia sem que eu percebesse.

E Quando Nietzsche chorou me trouxe algumas respostas, algumas elucidações, mas acredito que, principalmente, conforto! Conforto em me deparar que Nietzsche e Breuer, os Caras!, mesmo que na extraordinária imaginação de Yalom, padeceram das mesmas ansiedades que minha pessoa... sim, é um conforto e tanto “encontrar um ninho”! Aliado a uma visão depurada , e claro, impossível que não, um olhar técnico....... equiparou a alguns meses de análise!

Por falar em análise, fui tomada hoje por uma súbita (inteiramente súbita!) vontade de me submeter a psicoterapia, supervisão e começar a clinicar... Pasmem! Sinto falta do caráter “investigativo” da Psicologia que o clima organizacional não oferece com propriedade. Uns dos motivos, inclusive, que me fez ler esse livro agora, embora tivesse intenção de fazê-lo há muito tempo. E descobri que não houve melhor momento...

Em tempo, claro que devido minha identificação, pode ocorrer nesse post um super dimensionamento do livro, mas de qualquer forma é muito bom para qualquer pessoa com o mínimo de abertura para as “coisas d´alma”, altamente recomendado!


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Alguns trechos...

"...ele argumenta que a estrutura moral pessoal de um filósofo determina o tipo de filosofia que cria. Acredito que agora o mesmo princípio se aplica a esse tipo de aconselhamento: a personalidade do conselheiro determina o enfoque de seu aconselhamento..."

"Dostoievski escreve que algumas coisas não devem ser contadas, exceto aos amigos; outras coisas não devem ser contadas mesmo aos amigos; finalmente, existem coisas que não se contam nem a si mesmo."

"...você conhece o ensaio de Montaigne sobre a morte, em que nos aconselha a morar em um quarto com vista para o cemitério? Aclara a nossa mente - alega ele - e mantém as prioridades da vida em perspectiva."

"Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar."

"...Quis dizer apenas que, para se relacionar plenamente com outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguirmos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como um escudo constra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, você consegue se voltar para outra pessoa com amor; somente então é capaz de se preocupar com o engradecimento do outro ser humano."


E quando levantei a questão no outro post, de não saber se estava mais na figura de Breuer ou Nietzsche... cheguei a conclusão que estou mais para B.H.! Pura simplesmente!

um beijo, um outro e um tchau!

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